sexta-feira, 10 de junho de 2011

SOBRE O MEGA DRIVE NO BRASIL

A decadência e seu legado

Depois disso as vendas do Mega Drive foram decaindo e o Super-Nes já abocanhava boa parte do mercado também, graças a grande quantidade de RPGs que eram lançadas para o console (o ponto fraco do Mega Drive). Como os RPGs exigiam menos do poder de processamento, diferente dos jogos rápidos de plataforma ou de esportes (o ponto forte do Mega), então a Nintendo podia impressionar com efeitos audiovisuais. Mas engana-se quem pensa que o Mega não tinha bons RPGs, jogos como Landstalker, Solei (também conhecido como Crusader Of Centy), a série Phantasy Star, Shining Force, Beyond Oasis, Arcus Odyssey são bons exemplos de excelentes RPGs para o console, além de alguns outros que saíram apenas no Japão, como: Dragon Slayer: The Legend of Heroes (famosa série da Falcom), Blue Almanac, Madou Monogatari (da saudosa Compile), Nadia: The Secret of Blue Water (da Namco, baseado no anime de mesmo nome), e Surging Aura (um rpg impressionante, com excelentes gráficos e música).
Mas mesmo com a popularidade do Super-Nes crescendo com o seu Donkey Kong Country (merecidamente reconhecido) e Super Metroid (espetacular jogo de plataforma para o console), já era tarde demais, pois a era dos 16 Bits dava seus últimos suspiros até a chegada avassaladora do Playstation, enterrando de vez os antigos consoles.
Kalinske saiu da Sega of America em 1996 e infelizmente não saiu como entrou. Muitos culpavam (principalmente os japoneses) Kalinske da ascensão do Snes, mesmo seu amigo Nakayama, acabou comprando o sentimento anti-Kalinske, tirando todo o poder que ele tinha pouco a pouco, até que um dia ele não passava de uma marionete recebendo ordens dos japoneses.
Porém, ele sabia o que havia de errado, em uma entrevista em 1994 ele havia dito que a indústria de videogames de 16 Bits ainda seria muito forte em mais dois ou três anos. Mas o problema é que seus superiores não o ouviam mais, e então em 1995 Nakayama tomou uma decisão, que para muitos estudiosos do assunto, foi o maior erro tático da Sega que lhe custou bilhões de dólares: a Sega iria parar com a produção do mercado de 16 Bits, ou seja, a linha do Mega Drive, para se concentrar apenas no Saturn, seu novo videogame de 32 Bits. Dessa forma a Sega entregava de bandeja o mercado de 16 Bits para a Nintendo, que não perdeu tempo e fez a festa.
E Kalinske estava certo, o Mega Drive ainda sobreviveu até 1998 na Europa e aqui na América do Sul, mesmo sem o apoio da Sega. Nós jamais saberemos a história toda, mas com certeza Kalinske deixou a Sega sendo um homem muito diferente do que quando entrou. E com a sua saída a Sega só teve a perder, pois seria difícil colocar alguém de seu calibre em seu lugar.
E os rebeldes continuam lutando
Um caso interessante, que aconteceu nos EUA em 1997, foi quando uma empresa chamada Majesco procurou a Sega com a proposta de produzir um Genesis com custo muito baixo para aqueles que não podiam comprar os caríssimos videogames da nova geração, como o Playstation. A Majesco sentia que o nome da Sega ainda era forte e que valia a pena tentar, e se ofereceu para fazer tudo – maketing, distribuição, vendas e assim por diante. Em contrapartida, a Sega iria receber royalties em todos hardwares e softwares que a Majesco vendesse. Não demorou muito para que a Sega concordasse e começou a então produzir para a Majesco o que seria a última linha de Genesis.
O Genesis 3 foi lançado em 1998 com um novo modelo. Saiu sem a placa de expansão para o Sega CD e o processador Z80 (que causaria alguns problemas de compatibilidade com uns poucos jogos).
Genesis3.jpg
O tamanho do novo modelo era um pouco maior que um CD player e seu preço original era de atrativos US$50 – bem distante dos US$200 quando foi lançado em 1989, ou mesmo dos US$100 em 1996. Junto com o console viria o primeiro game lançado oficialmente depois de 3 anos, Frogger, jogo original da Konami que foi feito em 1981 para arcades. A  Nintendo, também querendo se livrar do estoque de Snes de suas fábricas (e claro, querendo acabar com a Majesco), fez um novo modelo do console para vender aos consumidores, e é claro que o preço dele também era de US$50.
Então a Majesco abaixou o preço do seu Genesis 3 para US$40 e então para US$30, sempre com a Nintendo equiparando seus preços com os deles. Os jogos também tiveram uma queda grande nos preços, variando de US$10 a US$25 (isso acontece hoje no Brasil, onde você pode encontrar ambos os consoles e jogos a preço de banana). A Majesco fechou o ano de 1998 vendendo em torno de 2 milhões de consoles e 10 milhões de games, enquanto a Nintendo vendeu apenas 1 milhão de consoles e 6 milhões de games. Se os rebeldes não puderam vencer a guerra, pelo menos venceram a última batalha.
E entre mortos e feridos…
SA_Super_Sonic.jpgBom, antes de finalizar gostaria de dizer que vai ter muitos fãs do Snes e “Nintendistas” por aí que vão ler essa matéria e irão ficar injuriados, vão dizer que é tudo mentira, vão jogar milhões de estatísticas para provarem que o Snes foi o melhor console de 16 Bits, etc. Todas as informações aqui contidas foram devidamente pesquisadas e estudadas em diversos sites estrangeiros e nacionais, além claro, da minha boa memória, pois eu vivi nessa saudosa época (e só para constar, eu também tinha um Super Nes e adorava ele também). Quem quiser saber mais sobre isso, procurem o livro The First Quarter: A 25-Year History of Video Games, do autor Steven Kent, que pesquisa o mercado de videogames há muito tempo e que é bastante recomendado entre sites de videogames e especialistas no assunto.
Essa foi a primeira grande guerra dos videogames, quem presenciou aquela época certamente lembra-se da Sega vs Nintendo e a luta entre as suas mascotes nas capas das revistas, numa época em que videogame ainda era mais entretenimento do que dinheiro, e não essa coisa ridícula de hoje em dia em que um videogame custa o valor de um carro usado e os games com preços de aparelhos de eletrônicos.
Para muitos foi essa a época dos anos dourados da história dos videogames, onde quem ganhou mesmo com essa “guerra” foram os gamemaníacos, que tiveram jogos cada vez melhores, divertidos e sofisticados (sem dizer em baratos, de $200 o preço do Genesis caiu para $50).
Com certeza foi o console de maior sucesso já fabricado pela Sega (com aproximadamente 35 milhões do consoles vendidos em todo mundo), mesmo a sua semente de linhagem tecnológica como o Saturn e Dreamcast não chegaram perto da popularidade do bom e velho Mega Drive, e apesar de hoje apenas existir na memória dos fãs, seu legado continua hoje a percorrer todas as plataformas de videogame atuais, o Sonic já está completando quase 20 anos e continua correndo nas telas do Wii, PlayStation e X-Box, graças ao Mega Drive, que para muitos jogadores e fãs, é considerado simplesmente o melhor console da história.

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